sexta-feira, 21 de outubro de 2016

POR QUE VOTAR NULO?





Qualquer pessoa que se dedique a acompanhar o noticiário internacional, indo além do que as "Globos" e "Vejas" permitem ver, percebe que a humanidade vai mal: guerras, terrorismo, imigrações forçadas, destruição ambiental, preconceitos, intolerância, fascismos, etc. Tudo agravado (ou em parte gerado) por uma grave crise econômica internacional, cuja solução imposta pelos donos do dinheiro e do poder é a mesma de sempre: concentrar mais as riquezas, tirando direitos das classes trabalhadoras, ao mesmo tempo em que se coloca em risco a vida em sociedade na Terra.
No Brasil não é diferente. Os poderosos meios de comunicação impedem a maior parte da população de perceber que a crise não é exclusiva do Brasil, e propagandeiam que deveremos engolir goela abaixo remédios muito amargos que só beneficiarão os mesmos donos do dinheiro e do poder. Os Projetos de Emenda Constitucional (PEC's) de números 257 e 241 abortarão as chances de uma vida melhor para as futuras gerações. O governo ilegítimo e corrupto de Temer quer aprová-las às pressas, para que não tenhamos tempo de reagir.

Ficará mais difícil aposentar, se não morrermos antes. Com um discurso falso de controle dos gastos, este mesmo governo impedirá que se expanda (e que melhore!) o sistema de saúde pública – o SUS – entregando a população aos tubarões dos planos de saúde. Na educação, ficará inviável manter as universidades públicas, as escolas técnicas federais e, num efeito dominó, as redes estaduais e municipais de ensino. Um enorme retrocesso que nós, pobres e trabalhadorxs, sofreremos na pele. São tantas maldades a mais, como a entrega do pré-sal, que nem cabem neste curto comunicado.
Tudo isto envolto em um discurso autoritário, elitista, racista, machista e homofóbico disfarçado de "defesa da família". Todxs que sofrem opressões e violência, como mulheres, negros, LGBTT, estão com suas vidas ainda mais ameaçadas.

Essas ameaças não se limitam ao âmbito nacional, posto que os partidos da ordem adotam o mesmo modelo nos níveis estaduais e municipais. Veja-se, por exemplo, a situação calamitosa das contas públicas no estado do Rio de Janeiro, assim como a imensa dívida da cidade de Volta Redonda. Os motivos são sempre os mesmos: uso do dinheiro público para favorecer interesses privados (através de privatizações, “parcerias”, terceirizações, etc). E as “soluções” também se repetem: piora generalizada dos serviços públicos; perda de direitos dos trabalhadores; recrudescimento da violência de Estado; avanço do fundamentalismo religioso e retrocesso da laicidade do Estado.

O PSOL luta contra tudo isto, e não só nas eleições. Todos os dias, nas ruas e nos movimentos sociais. Por isso apresentamos as candidaturas de Danilo Caruso e Marina Inês para a prefeitura de Volta Redonda, cujo lema "Podemos Mudar" era de verdade. Apresentamos propostas concretas para cada área de atuação da prefeitura, sempre levando em conta a total transparência das ações e a participação ativa da sociedade, que iria de fato dirigir a cidade. Agradecemos muito a confiança de todxs aquelxs que nos honraram com seu voto consciente, de quem sabe o lado que estamos: dxs trabalhadorxs e da construção no dia a dia de uma sociedade mais justa, fraterna, solidária, ética e participativa.

A derrota do PMDB na cidade e do reinado que havia é pouco para os desafios que enfrentaremos. E os dois candidatos que chegaram ao segundo turno não representam a necessidade de termos uma outra forma de fazer política. As montanhas de dinheiro gastas por estes candidatos (assim como pelos outros dois da ordem) comprovam que para eles política é um grande negócio, que não leva em conta as necessidades da população. O discurso de ambos é praticamente o mesmo: um suposto “diálogo” com as empresas que esconde, na verdade, a submissão aos interesses das mesmas, ao invés da defesa do Interesse Público acima de tudo. Além disso, convém lembrar que as quatro candidaturas da ordem (PRB 10; PV 43; PMDB 15; PSD 55) comprovaram recentemente não ter compromisso com a democracia, posto que seus partidos apoiam, no Congresso Nacional, todos os projetos que destroem os direitos e interesses dos mais pobres da sociedade. Representam a continuidade da velha política e suas práticas de submissão ao dinheiro em detrimento da vida, e isso não se mede pela idade. São partidos de aluguel e/ou fisiológicos, cujas diferenças dizem muito mais respeito aos diferentes grupos de apadrinhados do que a diferenças políticas concretas. Hoje disputaram uma eleição entre si; amanhã poderão se apoiar mutuamente; e nenhuma verdadeira renovação ocorrerá.

Baltazar e Samuca não se colocam como Poder Público contra os mesquinhos interesses privados do barão do aço, que não tem compromisso com o povo. Pelo contrário, bajulam a CSN e são contrários à luta pela devolução dos patrimônios da cidade para a população. Não querem admitir que mobilidade urbana passa também por enfrentar os interesses das poderosas empresas de ônibus. Fecham os olhos para a verdadeira "higienização social" em curso na cidade, que desrespeita a juventude, os artistas, os trabalhadores de rua, os mais necessitados. Não tem compromisso com a escola pública e com quem nela trabalha e estuda, e se calam perante o risco que todxs corremos com o nefasto e enganador projeto "Escola Sem Partido". Omitem-se e/ou compartilham da visão preconceituosa e intolerante dos conservadores, legitimando e participando da votação de leis obscuras de proibição do debate sobre o respeito à pluralidade cultural, étnica, religiosa e de gênero que existe em nossa sociedade. Reproduzirão na escala municipal os ataques que já são anunciados no âmbito nacional, entre muitos outros itens que cansariam quem lê.

Um candidato já demonstrou que no poder não correspondeu às expectativas das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais; deslocou-se cada vez mais à direita a ponto de se aliar ao fundamentalismo religioso, esquecendo-se que teve direta responsabilidade pela chegada ao poder do imperador que por 20 anos governou para as elites. O outro candidato participou de atos políticos de desrespeito à democracia, patrocinados pela FIESP; tem um discurso ao mesmo tempo vazio e perigoso, porque não se posiciona sobre nenhum dos temas polêmicos na cidade, e porque se propõe a enganar com o discurso de que tudo é problema de gestão, esvaziando a política (discurso típico de forças com vocação autoritária); além de ser de um partido outrora defensor do meio ambiente, sem nunca ter participado de qualquer movimentação em defesa da qualidade da vida na tão poluída Volta Redonda.

Diante deste contexto, do global ao local, o PSOL Volta Redonda já tem como tarefa participar da resistência a qualquer um dos candidatos que pleiteiam se eleger no 2º turno. Mantendo a coerência de ter um compromisso radical com a classe trabalhadora, o PSOL Volta Redonda defende o VOTO NULO como a única alternativa para quem tem compromisso com uma nova forma de fazer política para uma nova cidade, em que prevaleçam os interesses dos mais pobres, e onde a justiça, a igualdade e a solidariedade sejam os valores que guiem as ações do Poder Público.