segunda-feira, 2 de junho de 2014

ELEIÇÃO DO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PSOL EM VOLTA REDONDA

NO DIA 24/05/2014 FOI ELEITO O NOVO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PSOL DE VOLTA REDONDA, COM MAIS DE 50% DE PARTICIPAÇÃO DE MULHERES E UMA EXPRESSIVA PRESENÇA DE JOVENS.

- Com Hafid Omar como Presidente e Jussara vice, o PSOL elege seu diretório municipal em Volta Redonda com mais de 50% de mulheres e expressiva presença da juventude.

Apontando um bom futuro e para um diretório combativo e representante das minorias.

Também aconteceu uma apresentação do PRÉ-candidato do PSOL à governador que demonstrou muito coerência e firmeza nos posicionamentos, mostrando que, caso venha ser candidato, será uma real e acertada escolha.





TESE APROVADA:
Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama
Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos
(Chico Buarque de Holanda)

Brasil 2014: o ano da Copa, das eleições e das lutas sociais
Introdução
O Brasil vive uma situação nova, com novos contornos no movimento de massas e com muitas indefinições sobre o curso da etapa aberta com as jornadas de junho, que significou uma mudança significativa na consciência e na relação de forças no país. O corte geracional representado na massiva presença nas ruas de jovens, a crise de representação das instituições tradicionais, incluindo as da própria classe trabalhadora, a desconfiança para com a política, a ausência de referências socialistas de massa, os sinais de esgotamento da macro-política econômica e do próprio modelo de "desenvolvimento" em que o lulismo ainda aposta suas fichas, são pistas de que provavelmente estamos diante de um novo período de cunho não apenas conjuntural.
Tais considerações exigem que  aprofundemos  o debate sobre um programa e um projeto estratégico de país não apenas em alternativa às versões recicladas de projetos neoliberais (como as que vigoram hoje na Europa), mas com particular importância aos modelos neodesenvolvimentistas em que se apegam inúmeros setores da esquerda latino-americana como a própria direção majoritária do PSOL.

Uma consideração geral: o protagonismo das ruas é um traço central da nova etapa
Se há uma similaridade entre as jornadas de junho e os processos abertos desde a primavera árabe no inicio de 2011 no terreno internacional é a busca da ocupação das ruas para fazer valer a força das reivindicações populares. Produto ou uma consequência da combinação entre a crise econômica e social mundial com a crise de representações e instituições políticas tradicionais, estamos vivendo um período onde a política está sendo decidida nas ruas.
De outro lado, é inegável o descompasso ou distância entre as ações massivas de povos e classes nos últimos anos com a formação de novas direções, projetos e instrumentos socialistas com influência e credibilidade de massas com capacidade de oferecer e mobilizar por um novo modelo de sociedade diante da barbárie que ronda o planeta. Este traço internacional da conjuntura tem também similaridade com as jornadas de junho, onde o vazio ou ausência de novas referências massivas de esquerda esteve e está presente no Brasil. Talvez o exemplo mais dramático de convulsões geopolíticas e sociais, sem solução anti-capitalista e socialista a vista seja a crise desencadeada pelo processo ucraniano.
Esta lenta recomposição das alternativas anticapitalistas e socialistas não pode encobrir o fato de que o signo aberto pelos amplos movimentos de massa em diversas regiões do planeta -- e mais recentemente no Brasil – é de corte muito progressivo, pois coloca amplos setores da classe trabalhadora e da juventude em movimento e produz mudanças significativas na consciência e na confiança dos explorados e oprimidos nas suas forças, como estamos vendo no Brasil após quase duas décadas de refluxo e passividade.

Brasil: sinais de esgotamento de um modelo e turbulência social
O primeiro trimestre de 2014 confirma a mudança de conjuntura e especialmente de confiança nos mais variados setores da classe trabalhadora e da juventude. Diversas lutas e formas de protesto: dos rolezinhos às greves massivas e radicalizadas de categoriais, são parte do cenário nacional. A percepção geral é de que é preciso protestar, lutar, mobilizar e mais: é possível arrancar vitória por essa via. Portanto em ano programado pelo governo e a classe dominante para ter uma Copa do Mundo que fosse uma grande festa de negócios para o Capital e uma grande festa popular para depois ser capitalizada pelos governos nas eleições está profundamente questionado pelo protagonismo e a "concorrência" que as lutas sociais fazem a estes dois grandes eventos do ano. 
A questão de fundo é que a economia vai mal, patina e o modelo geral do governo também patina, seja pela corrupção endêmica nos grandes negócios que desgasta governo e as instituições (como se vê nas obras da Copa), seja pela impossibilidade de convencer o grande capital a investir pesadamente em negócios de longo prazo sem que as "reivindicações" tributárias e trabalhistas deste grande capital estejam atendidas, pois em que pese a montanha de concessões fiscais e tributárias e os ataques aos direitos da classe, ainda não estamos no Brasil num “padrão chinês” de exploração do trabalho e a entrada em cena do protagonismo das ruas e grandes lutas da classe colocam ainda mais incertezas para o grande capital. A isso se soma a dependência/atrelamento ao capital financeiro e a vulnerabilidade aos fatores externos da crise mundial (como a desaceleração das taxas de crescimento da China).
Este cenário de dificuldades para o governo não é igual a falta de iniciativas e políticas para conter os sinais de forte instabilidade. Basicamente o governo Dilma combina duas vertentes: a manutenção de uma política de concessões com sua base social (o amplo subproletariado na definição de Andre Singer ou precariado na definição de Rui Braga) ampliando, por exemplo, o crédito para os inscritos no Minha Casa Minha Vida, procurando dialogar inclusive com os sujeitos de junho, com a ampla juventude precarizada, através de investimento pesado no ensino técnico. De outro lado, um amplo aparato repressivo jurídico e policial é montado para conter as manifestações e tentar garantir a Copa sem grandes transtornos. Ainda que exista um recuo no projeto de Lei antiterrorismo, a contra-ofensiva criminalizadora após as jornadas de junho é sólida e estratégica, pois vai além de garantir a Copa, tem a ver com impedir um processo de desestabilização da ordem.
Mas inegavelmente há gargalos neste modelo de ampla desigualdade social que podem desestabilizar novamente a situação, sendo que alguns deles já estavam na raiz que motivou as jornadas de junho: crise energética, racionamento de água no Sudeste; situação precária do aeroportos, rodoviárias e das telecomunicações; retomada da inflação; atrelamento do Orçamento da União ao pagamento da dívida pública; o avanço do desmatamento pelo agronegócio...

A retomada das greves
Especial importância devemos dar ao processo de greves no país. Se é certo que a retomada de greves foi uma constante sob o governo Dilma, após junho elas adquirem outras características: a) são mais massivas e radicalizadas; b) Se necessário, enfrentam e passam por cima das direções pelegas e burocráticas e c) Procuram ocupar os espaços das ruas em atos, passeatas para buscar ganhar o apoio da sociedade e ampliar suas formas e protesto, nesse sentido, são menos corporativistas do que no período anterior. Os exemplos das greves recentes dos rodoviários de Porto Alegre e dos garis do Rio de Janeiro parecem ser os mais expressivos destas novas características.

Os protestos contra a Copa
Os protestos contra a Copa devem voltar a ganhar peso na medida em que se aproxima o evento e os descalabros no superfaturamento das obras e notícias sobre o custo da Copa para o povo aumentam o descontentamento popular, mesmo em se tratando de uma Copa do Mundo num país onde o futebol é parte da cultura nacional. É possível que venha a prevalecer a retomada de uma dinâmica de pluralidade, unidade e ampliação dos atos que vinham numa dinâmica de esvaziamento dada a repressão policial e a divisão no movimento em relação a táticas, métodos de enfrentamento, eixos.
Produto de uma expansão das fronteiras do Capital no solo urbano via a especulação imobiliária e no campo via a expansão do agronegócio industrial e das mega-obras, ganham maior importância as lutas de caráter sócio-ambiental urbanas como a ocupação do Parque Cocó em Fortaleza. De outro lado, a brutal expansão do agronegócio capitalista no campo explica o novo patamar das lutas indígenas, das comunidades ribeirinhas e quilombolas; do conteúdo cada vez mais anti-capitalista que a bandeira histórica da reforma agrária ocupa nos dias de hoje.

O fôlego político do PT
Não se deve fazer uma transposição mecânica deste cenário social tenso com a conjuntura eleitoral. As pesquisas continuam mostrando Dilma vencendo as eleições, possivelmente devido a estabilidade no nível de emprego no país, a política de transferência de renda para as camadas mais pauperizadas e possivelmente como expressão de um senso comum do tipo mal menor diante do cenário de alternativas que beiram uma certa aventura (como Aécio) ou a falta de consistência de projeto da frente Eduardo Campos-Marina, que terá muita dificuldade em apresentar um discurso de ruptura ou mudança em relação ao lulismo. Também é importante lembrar que os governos no país não se limitam ao governo federal ou aos governos do PT. O bloco da oposição de direita tucana comanda estados chaves como São Paulo, que neste caso está também no centro do desgaste geral de governos e instituições (no caso de SP a questão do racionamento de água, caos nos transportes, PM desprestigiada entre outros desastres) que fragiliza muito os tucanos como alternativa.
É possível que o governo Dilma mesmo em ano de fortes turbulências consiga manter sua ampla base eleitoral, ganhando um tipo de voto útil para preservar o pouco que se tem nas políticas sociais, embora pareça certo que haverá um aumento da abstenção (na forma de voto nulo, não ir votar, voto branco) diante da desconfiança nos políticos e instituições. Também nesta conjuntura abre-se a possibilidade de crescer o espaço eleitoral à esquerda, para uma esquerda anti-capitalista e eleitoral que pode ser capitalizada pelo PSOL, em que pese a fragilidade da sua provável candidatura em afirmar um discurso que vá além de um nacional desenvolvimentismo reciclado. Mas ainda assim, deve prevalecer a percepção no eleitorado de que o PSOL é parte do espectro da esquerda radical na sociedade, que nada tem a ver com os poderes, partidos e instituições que governam o país.

Conjuntura Municipal

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...
Caetano Veloso

Só carnaval, infelizmente, ainda é muito pouco
As jornadas de luta deflagradas em junho de 2013 alteraram de forma muito significativa a agenda política nacional. As muitas contradições e impasses internos que, em determinados momentos pareceram capazes de fazer o movimento “implodir”, foram superados. Ao final do primeiro estágio dessas jornadas – que ainda persistem, apesar da real perda de adesão popular, pôde-se afirmar que todos os setores envolvidos sentiram-se, de um lado, vitoriosos, de outro, não. No que diz respeito à participação da esquerda brasileira, essa é uma importante reflexão. Não fossem nossa integração atenta e preocupada com os possíveis rumos que tomaria esse movimento, nossa sensibilidade para entender a adesão híbrida e, por muitas vezes, apolítica ou conservadora de muitos setores sociais que se mobilizaram, poderíamos ter deixado de participar, como protagonistas, ainda que “assustados”, do primeiro momento político relevante da história do século XXI.
Importante para nós se faz, na análise dessas jornadas, não perdermos de vista que sua eclosão generalizada se deu como junção de pequenas iniciativas de mobilização que aconteceram, aqui e ali, em todos os cantos do país, inclusive em Volta Redonda.  A greve dos profissionais de educação da rede municipal e dos demais segmentos do funcionalismo público, deflagrada em maio de 2013 e que durou 75 dias dias, a exemplo das mobilizações nacionais que se sucederam, foi fator decisivo para que se trouxessem à tona as contradições da política instaurada na cidade a partir de 1996, ano em que se consolidou, por meio da vitória eleitoral do grupo que ainda hoje governa o município, a falsa e oportunista unanimidade que sustentou um projeto político implementado à custa da cooptação, da subserviência, da corrupção e da tentativa, quase levada a termo, de destruição das forças  que historicamente protagonizam as iniciativas de resistência na cidade.
Após quase 20 anos de “tranqüilidade” política, o grupo que hoje exerce o poder institucional em Volta Redonda convive, na contramão de sua trajetória, com uma assustadora intranqüilidade. Esvaiu-se o apoio unânime e, conseqüentemente, a capacidade de cooptação e a força política até pouco tempo aparentemente inabalável para que se consolidasse em nossa cidade o projeto de permanência infinita no poder.

Momentos difíceis se anunciam
Em nossa análise não podemos perder de vista, porém, que, apesar de a unanimidade política ter deixado de existir em Volta Redonda, momentos difíceis para nós se apresentam. Que o apoio irrestrito e cego ao grupo político hoje dominante na cidade não existe mais, é um fato. Porém, também é fato que as dissidências ocorridas, o reagrupamento de forças retirantes e a perda de poder político do setor hoje no poder, não significam prenúncio de momentos melhores na política local. Esses grupos encontram-se momentaneamente e, de forma oportunista, separados. Mas, ideologicamente, permanecem atados ao mesmo projeto. Projeto que não nos contempla, a não ser que queiramos abrir mão de tudo o que representamos (ou que sonhamos representar). Nunca será suficiente, para nós e para a população de Volta Redonda, a simples alternância de nomes ou de grupos no exercício do poder.

Vazio a ser preenchido
O fim da hegemonia política exercida em Volta Redonda por um determinado grupo político pode significar a abertura de um espaço a ser preenchido em nossa cidade. Mas a existência de um “vazio” político não serve de nada para nós, se não for minimamente ocupado pelas (parcas) forças de esquerda existentes em nosso município. Em assim sendo, surge o questionamento: Como preencher esse espaço, possivelmente amplo, contando somente com nossa reduzida força política e a nenhuma estrutura material de que dispomos? Precisamos nos ater nessa reflexão para não cairmos, como o PT e outras ex-forças de esquerda caíram, na lógica há muito provada falida de que os fins justificam os meios. O espaço político que hoje se apresenta e nos convida a disputá-lo só poderá ser ocupado por meio de três alternativas: 1ª) pela recuperação da força hegemônica outrora sustentadora do grupo hoje no poder; 2ª) pela ascensão e crescimento das forças retirantes; 3ª) pela nossa intervenção militante e pelo crescimento da identificação e do apoio ao nosso projeto político. Se as duas primeiras alternativas não servem para nós, resta-nos somente acreditar e buscar a ampliação de nossa capacidade militante.

Momentos promissores também se anunciam
As jornadas de luta continuam e se fazem presentes na prática militante em 2013. Em relação a este ano, duas observações se fazem pertinentes em relação à intervenção na política local pelas forças de esquerda. Primeira, a consolidação da chapa de oposição nas eleições para o Sindicato dos Metalúrgicos. Mesmo não tendo conseguido ganhar o pleito (os motivos da derrota ainda carecem de uma análise mais atenta feita por nós), significou, desde que a CSN foi privatizada, em 1994, a primeira tentativa de se compor uma chapa de oposição que contemplasse todas as forças de esquerda. Ainda que, ao final, tenha abrigado contradições quase insuperáveis e setores mais retrógrados existentes no movimento sindical, trouxe consigo o mérito de conseguir o apoio unificado de grupos combativos há muito dispersos e descrentes na possibilidade de se construir uma derrota consistente à CSN. Nossa segunda observação diz respeito ao salto qualitativo experimentado nas comemorações do 8 de Maio, Dia Internacional da Mulher, quando se levou às ruas a Marcha das Vadias, movimento que, além de inédito, expressou e divulgou a pauta atual do movimento feminista e, para além disso, a própria existência de um movimento feminista em nossa cidade.

Desafios para o sempre      
iniciativas colocadas em prática pela militância combativa de Volta Redonda, na qual se incluem filiados e simpatizantes do PSOL, chamam-nos à atenção para outras possibilidades e necessidades de intervenção atenta. Não podemos abrir mão de continuar tentando ganhar a consciência crítica real de importantes setores sociais que se alinham com nosso pensamento. Nesse sentido, propomos o debate e a mobilização para que sejam trazidos à tona as reais demandas, antigas e novas, que se tornaram caras para a esquerda brasileira, entre as quais: legalização da maconha - descriminalização do aborto - não redução da chamada “maioridade penal‘ união civil - etc. etc. etc.

Por fim, o velho dilema: nosso partido é um projeto em disputa
É sabido por todos, militantes, simpatizantes e setores sociais (de direita e de esquerda) atentos, que o PSOL, infelizmente, ainda é um projeto em disputa que envolve a esquerda e os setores que deixaram o PT e outros partidos por falta de espaço nos mecanismo de poder dessas agremiações. A viabilidade eleitoral do PSOL, conquistada desde os seus primórdios porque nos mantivemos firmes em nossos propostos ideológicos, hoje representa um problema sério para nós. Cada vez mais, políticos e forças oportunistas se aproximam e se abrigam em nossa legenda. O quantitativo de pré-candidatos às eleições de 2014 é apenas um aspecto desse problema. Crescer a custa de dinheiro doado por banqueiros e empresários. Eleger parlamentares comprometidos com interesse próprios e sem a mínima condição de representar um projeto político de esquerda. Ver, mais uma vez, a exemplo do PT, uma proposta de construção efetiva do socialismo no Brasil se perder. Esses são riscos reais que corremos. Perder o PSOL para a direita é um risco real.


Nenhum comentário:

Postar um comentário